terça-feira, 5 de agosto de 2008

Curso de Terapias Leves da Ayurveda!


No mes de Setembro, estaremos iniciando mais uma turma do Curso de Terapias Leves da Ayurveda. Com uma abordágem totalmente prática, este curso visa dar mais uma ferramenta importante, tanto para o terapeuta quanto para o iniciante. Nos primeiros módulos o participante aprende sem complicações a identificar os Doshas. Estudamos as características de suas manifestações e logo estudamos suas qualidades. Desta forma chegamos a estudar também os elementos apropriados para apaciguar ou mesmo elevar o Dosha assim como a determinar qual terapia será a mais indicada.
Serão várias técnicas da Ayurveda, como abhyanga, bastis externos, garshana, swedhana, masságens com os pés, e aprenderemos também a suprema terapia exclussiva da Ayurveda, Shirodhara! Estudaremos como e quando aplicar óleos medicados, e como prepará-los!
O curso inclui uma elaborada apostila descritiva, com indicações e contraindicações, dados práticos e ampla bibliografia.
Data de início: 10 de Setembro
Local: CICA Terapias, r. cesario galeno, 186- piso superior- tatuapé, SP
Valores:
Taxa de matrícula: R$ 60,00
Curso: R$ 540,00 à vista.
Descontos para nossos alunos.
Contátos:
CICA c/Rosana: 4105 5838 / 8695 2138
ABHAY c/Keli: 3804 9350 / 8617 2175

domingo, 3 de agosto de 2008

Conceitos de Rasa, Virya, Vipak, e Prabhava


Conceitos de Rasa, Virya, Vipaka e Prabhava, segundo a Ayur Veda.

A Ayur Veda se caracteriza pela sua visão holística.
Os mesmos sintomas de desequilíbrio da saúde podem ser tratados de maneira diferentes pelo curador habilidoso, ele só precisa conhecer bem o seu paciente tanto física como mental e emocionalmente, conhecendo sua constituição ou Prakruti, a natureza e o estado de evolução do desequilíbrio.
Partindo do principio que o indivíduo é um microcosmo, entende-se que o equilíbrio perdido também se encontra no macrocosmo.
A Ayur Veda analisa os efeitos dos alimentos ingeridos como sendo quatro, em sânscrito, Rasa, Virya, Vipaka e Prabhava, que em português poderíamos traduzir como sabor, energia (calórica), efeito pós-digestivo, e efeito na mente ou consciência.

Rasa (sabor)
Pela presença dos cinco grandes elementos em toda a manifestação, mesmo nos sabores teremos a influência dos Doshas. O sabor (Rasa) é imediatamente percebido na língua, ao ser ingerido, mas seu efeito se observa em todo o corpo, incluindo a mente. Os sabores podem ser seis em número, segundo a Ayur Veda e equilibram, agravam ou reduzem os Doshas. Doce, salgado, ácido, picante, amargo e adstringente. Por experiência sabemos que a ingestão continua e intensa de doces provoca excesso de peso. A ingestão de picantes acelera a digestão e nos predispõe para novos sabores. A Ayur Veda estuda como o sabor doce se compõe de elementos Kapha e, portanto a sua ingestão em demasia, acaba agravando o mesmo Dosha Kapha. Assim todos os sabores são estudados pela sua composição e sua influência conseqüente nos Doshas. A Ayur Veda recomenda uma dieta balanceada com os seis sabores para ter uma vida mais saudável e prevenir dessa forma desequilíbrios.

Virya (energia calórica)
A temperatura (Virya) deveria ser observada, pois é muito importante de acordo com a Ayur Veda, uma vez que esta tem participação crucial na digestão. Os efeitos dos alimentos “quentes” podem ser observados, por exemplo, na maior facilidade da sua digestão, uma vez que o organismo não precisa dispensar energia extra, e o contrário pode-se observar quando ingerimos alimentos “frios”, o organismo precisa tomar emprestada a energia calórica para o processo de digestão de tais alimentos. Por outro lado também tivemos a experiência de evitar temperaturas frias para uma criança com um quadro de gripe, ou com tosse produtiva. Ou seja, em termos da Ayur Veda, o Virya será responsável pelo Pitta numa digestão.Vai definir uma digestão boa, lenta ou rápida. Um Virya “frio” vai incrementar o Vata e o Kapha e acalmar o Pitta e um Virya “quente” incrementa o Pitta, reduzindo e acalmando Vata e Kapha. Por exemplo, damos chás “quentes” para um quadro de gripe com intenção de fluidificar os mucos (Kapha). O Virya dos alimentos incide na temperatura do corpo, e na digestão, e seu estudo e aplicação na nossa vida diária nos protege de desordens na saúde.

Vipaka (digestão específica ou efeito pós-digestivo)
O terceiro efeito estudado é o efeito pós-digestivo (Vipaka), e é o que ocorre ao finalizar o processo de digestão, quando os tecidos absorveram todos os nutrientes encontrados no alimento ingerido. Este é um efeito muito sutil, porém conhecemos algumas maneiras para detectá-lo, por exemplo, já tivemos experiência de saborear algo que depois de digerido se apresentou com outro sabor. A Ayur Veda analisa os seis sabores e seus efeitos pós-digestivos como sendo três, doce, ácido e picante. E aconselha que observemos estes detalhes para uma saúde estável. Os sabores doces e salgados têm um efeito doce, o ácido permanece como ácido e os três sabores restantes, a saber, picante, amargo e adstringente, terão um efeito pós-digestivo picante. O conhecimento do Vipaka de um alimento é indireto, assim, só poderemos identificá-lo conhecendo antes o seu sabor.

Prabhava (efeito na consciência).
Prabhava é o efeito provocado pelos alimentos na mente, na consciência, e este é um ponto de vista único da Ayur Veda. È um efeito muito sutil, porém direto e poderoso na mente, e por sua sutileza, carência de lógica e imprevisibilidade, dificilmente pode ser catalogada, sendo mística e estranha.
Podemos perceber sua influência se observarmos com atenção um indivíduo que se alimenta, por exemplo, em estabelecimentos que comercializam alimentos industrializados, e outro que se alimenta com comidas feitas pela carinhosa mãe. O carinho da mãe entra em ação bem antes da preparação dos alimentos, mesmo na escolha dos ingredientes, levando em consideração o gosto e as necessidades nutricionais do seu “freguês”, e todo o cuidado durante os preparativos desse alimento para se chegar a um prato atrativo, nutritivo e satisfatório. Não podemos afirmar que o mesmo processo seja levado a cabo nos estabelecimentos de alimentos industrializados, mesmo que se esforcem colocando uma foto na parede com o “empregado do mês”, lindo e bem sorridente. Os efeitos na mente serão bem visíveis para o observador atento.

A Ayur Veda, como medicina, tem muitas maneiras simples e objetivas de nos ajudar no nosso dia a dia.

Considerações de Yoga Terapia e sua ligação estreita com Ayurveda!

Ayurveda, e Yoga Terapia.
(Adap. Do texto de David Frawley, Publicado pela American Institute of Vedic Studies, Volume 5, Issue 1, Jan-Fev 08)

Yoga e Ayurveda são duas ciências inter-relacionadas, ramos da mesma árvore do conhecimento Védico. Elas não se estudam de forma separada, mas como disciplinas relacionadas à saúde, de acordo com a tradição da antiga Índia a qual busca abranger todos os aspetos da vida do ser humano em relação ao universo inteiro. É interessante sabermos como co-existiam tanto Yoga quanto Ayurveda, pois apesar de que cada uma delas tinha um âmbito e função específica, em muitos níveis interagiam e se misturavam livremente.
O conhecimento védico é a ciência dos mantras, dos sábios e yoguis da antiga Índia, designado a nos mostrar o minucioso, extrínseco funcionamento do universo, e a nossa própria consciência; orientando-nos em última instância para o estado de Auto-realização e conseqüente liberação do ciclo de nascimentos e mortes. No entanto isto, os Vedas não oferecem exclusivamente disciplina espiritual, mas faz referencias também à saúde, ciência, arte e cultura.
Ayurveda é um dos quatro Upavedas, ou Veda complementar, secundário, junto com Gandharva Veda (música), Sthapatya Veda (ciência da correta ocupação dos espaços) e Dhanur Veda (artes marciais). Estes Upavedas se fundamentam no conhecimento védico e o complementam. Muito provavelmente Ayurveda é o mais importante deles, pois orienta em todos os aspectos, a saúde e o bem-estar para o corpo e a mente do individuo.
Yoga particularmente é formatado a partir dos Yoga Sutras de Patanjali, e é um dos seis sistemas de filosofia védica (sad darshan). Estes são os sistemas que aceitam a autoridade dos Vedas e funcionam para sistematizar os significados dos ensinamentos neles contidos. Incluem Nyaya (lógica), Vaisheshika (categorização), Samkya (enumeração dos elementos), Purva Mimamsa (ritualística) e Uttara Mimamsa (metafísica). Yoga penetra e invade os outros sistemas e representa seu lado prático, incluindo o princípio de desenvolver o estado da mente meditativa, que é a base de todo conhecimento védico.
Perante este esquema organizacional clássico dos Vedas, Ayurveda é o sistema desenvolvido especificamente para a saúde. Não existe outro sistema nos Vedas, destinado á saúde, além do Ayurveda. Por outro lado, Yoga é o sistema védico destinado a práticas espirituais, em sânscrito sadhana. Todo sadhana védico, isto é práticas espirituais, envolvem alguma forma de práticas de yoga. Disto deduz que Yoga não tem conexão ou origem no sistema de saúde; não há direcionamento para tratamento com yoga para desequilíbrios físicos ou psicológicos. Yoga é destinado a emancipação espiritual, livrar-se da falsa identificação do Eu verdadeiro com o temporário corpo físico ou mesmo a mente, superar as kleshas, ou aflições impostas pela natureza temporária deste mundo. Yoga é uma profunda prática espiritual, em sânscrito chamada de sadhana. Isto não significa que não utilizaremos alguns aspectos de Yoga em favor da saúde, mas entendemos que este enfoque não é o objetivo final. Quando o objetivo da prática de Yoga é a saúde, a nossa prática de Yoga deve ser direcionada por Ayurveda, pelo sistema de diagnostico usado em Ayurveda, que inclui tratamento e manutenção da saúde.
De fato, nunca existira na Índia um sistema de Yoga e saúde, separado do Ayurveda, não somente para os seguidores dos Vedas, mas também para seguidores de tradições não védicas.
Nos textos védicos, o termo para terapia, é chikitsa sthana, isto se aplica a vários textos clássicos de Ayurveda, como Charaka e Susruta Samhitas, e mesmo Vagbhata; todos contêm os termos chikitsa sthana, para tratamentos, terapias; nidana sthana, relativo a diagnósticos; e sarira sthana, relacionado ao corpo físico, como um invólucro do espírito. De acordo com a visão da Ayurveda, o nosso corpo físico é composto de corpo, mente e alma, e a depender de como trabalhamos com estes, a doença ou saúde se estabelece. Ayurveda utiliza todos os aspectos da medicina, que incluem dieta, ervas, medicamentos e exercícios físicos. Inclui também a utilização de mantras e meditação, para a saúde da mente, e promove mudanças no estilo de vida não somente para a saúde mas também para a longevidade. Isto inclui Yoga na forma de asanas, pranayamas ou mesmo mantras para meditação, como ferramentas úteis no restabelecimento e manutenção da saúde e como rejuvenecedoras.
Textos tradicionais de Yoga, como os Yoga Sutras, possuem capítulos chamados Samadhi Pada, relativos à meditação profunda e estável. Sadhana Pada que explanam sobre práticas espirituais. Vibhuti Pada, relativo aos poderes yóguicos. E Kaivalya Pada, que se descreve a Liberação. O processo yóguico de analise da consciência, das sutilezas das energias da mente e do Prana, e vários tipos de práticas espirituais, são todas abordadas detalhadamente nos diversos textos tradicionais, discutindo a meditação, concentração, mantras, rituais, pranayamas, asanas; porém sempre como parte de uma prática espiritual e nunca como uma terapia para saúde do corpo físico. Observemos que não aparece nunca o termo chikitsa pada, ou relativo a tratamentos de saúde. O termo chikitsa não aparece nos Yoga Sutras de Patanjali! E não é um tema importante dentro da filosofia Yogue! Isto devido a que na filosofia Yogue aparece sadhana, e nunca chikitsa, que sim aparece na Ayurveda! Por outro lado, nos textos yóguicos quando se refere a tratamentos com Yoga, sempre se faz menção ao diagnostico ayurvédico. Não existe um tratamento com Yoga terapia separado do Ayurveda. O que mais se encontra nos textos de Yoga são dissertações sobre prana, sentidos, mente, chakras, adoração de Deidades, discussões profunda sobre o Ser e a natureza da consciência, bem como todos os tipos de samadhi, ou profunda absorção. Quando há referências a doenças, estas são tratadas, em geral, como obstáculos para a prática, no entanto quando isto ocorre, a nomenclatura, a linguajem é do Ayurveda.
Para uma satisfatória aplicação de Yoga com fins na saúde, iremos precisar de um sistema mais completo, que inclua princípios filosóficos, práticas de yoga não somente o aspecto de asanas, mas também pranayamas, pratyahara, dharana, dhyana e samadhi, e poder inserir também os princípios de yama e niyama, como estilo de vida yóguico. Yoga para o corpo, mente e espírito. Buscaremos um processo yóguico, não somente dedicado a asanas, para o corpo físico, mas também para o tratamento da mente, das emoções e desordens psicológicos. Tal grandioso sistema yóguico de saúde não precisa ser inventado. Isto de fato já existe na forma da Ayurveda.
A yoga terapia deveria considerar os oitos angas (membros) do yoga, não deveria apenas ser reduzida ao simples aspecto físico das asanas, mesmo porque deste enfoque, estaríamos utilizando o mesmo olhar da medicina moderna.
Os dois primeiros angas são Yama e Niyama, princípios yóguicos da vida correta, que proporcionam uma base necessária para sustentar qualquer prática seja com objetivo de saúde ou espiritual.
Asanas poderiam ser nomeadas como “medicina externa” devido a que elas tratam distúrbios no nível dos músculos e ossos, porém indiretamente também trazem benefícios para muitas outras condições, e claro, também oferece a ideal forma de seqüência de exercícios físicos. No entanto, sem a dieta apropriada, estas características saudáveis podem ser limitadas. Asanas trabalham melhor quando inseridas num contexto de estilo de vida ayurvédico.
Pranayamas seriam a “medicina interna” de yoga. Fornecem Prana, ou energia vital diretamente dentro do corpo, e pode ser direcionado de várias maneiras, de acordo com a necessidade. Pranayamas tem uma atuação direta nos Doshas, e é a maneira mais direta de proporcionar saúde para o corpo e a mente. Enquanto que asanas seriam secundárias neste aspecto. Isto indica que para uma satisfatória yoga terapia, mesmo para a saúde do corpo físico, deve-se enfatizar pranayamas, e utilizar asanas somente para dar base ao pranayama.
Ayurveda proporciona as recomendações apropriadas de estilo de vida para a prática de Yoga, bem como uma sólida base para aproveitar o aspecto saudável das práticas yoguicas. Yoga provê bases psicológicas e espirituais para o Ayurveda e suas aplicações. Precisaremos de Yoga e Ayurveda juntos caso desejemos nos aproximar da saúde e o bem-estar de forma verdadeiramente holística. Ayurveda nos proporciona as bases médicas, e Yoga o objetivo das práticas espirituais. Este é o esquema original védico.
Para compreender com êxito Yoga terapia ou mesmo um sistema médico ligado ao Yoga, deveríamos restabelecer o elo, a conexão de Yoga com Ayurveda.